Nao entendo. Isso é tao vasto que ultrapassa qualquer entender.
Entender é sempre limitado. Mas nao entender pode nao ter fronteiras.
Sinto que sou muito mais completa quando nao entendo. Nao entender, do modo como falo, é um dom.
Nao entender, mas nao como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e nao entender.
É uma bençao estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice.
Só que de vez em quando vem a inquietaçao: quero entender um pouco.
Nao demais: mas pelo menos entender que nao entendo.
Clarice Lispector
sábado, 18 de agosto de 2007
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